quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Eu vejo vocês

Dia das (os) professoras (es) é uma data para honrar a memória de quem nos ensinou e ensina, mas também para pensar modos de coconstruir uma nova história a esta gente tão aplicada.


Imagino não ser fácil transmitir uma ideia (um conteúdo) e gerar condições para ela ser aprendida por alunos bem diferentes mesmo em salas 'iguais'.

Deduzo ser gratificante o retorno da dedicação e do afeto fruto de muito trabalho. Sei que, às vezes, é uma profissão quase impossível e sem a visibilidade indispensável.

Então, deparo-me com vários sentimentos cheios de camadas e poucas palavras aqui dentro. Ainda assim quero dizer: eu vejo vocês!

Percebi e percebo em cada educadora (or), cujo privilégio eu tive de aprender direta ou indiretamente com elas (es), a qualificação – além da profissional – essencial para manter-se firme nesta jornada, quase sempre, desassistida.

Quero agradecer, sim, por seguirem em frente e desejar uma vida boa (generosa, confortável, segura e saudável) além de recursos destinados a educação continuada, com uma carga horária justa, melhores salários;

E políticas públicas vigentes em prol da qualidade de vida e bem estar individual e coletivo no bojo da vida escolar/acadêmica de cada uma (um) de vocês.

Feliz dia!

A todas professoras e professores,

Com afeto

Márcia Filha 

sábado, 27 de setembro de 2025

Setembro amarelo

Setembro veio com muitas mensagens –  repletas de boas intenções – sobre o propósito, o sentido e o valor da vida. Li e assisti muitas delas ao longo do mês e gostei da maioria. Achei interessante.


No entanto, sempre que leio um post lembro das aulas no curso de publicidade: "a mensagem precisa ser clara, pois a ambiguidade pode ser contraproducente'.

Então, quero compartilhar algumas coisas para desmistificar outras: a primeira é que o sofrimento psíquico é posto para todos em maior ou menor escala – ninguém está imune e nem todos vai vivê-lo ou até reconhecê-lo.

Depois é preciso lembrar que questões de natureza social atravessam sim a vida emocional. Uma pessoa vivendo a escassez de alimentos, por exemplo: sofre e sente muito com isto;

Por último a busca por ajuda é um indício positivo mesmo quando este recurso – em certos casos – vem pelo incentivo de entes queridos.

Houve um tempo em que falar sobre saúde mental era um tabu. Haviam muitas críticas sem contar o carrossel de dúvidas e desconfianças.

O que mudou?

A democratização do atendimento; a tomada de consciência por parte das comunidades; o trabalho humanizado que pode ser multidisciplinar no bojo dessa assistência – prezando o bem estar e a qualidade de vida do paciente.

Mudou que hoje é possível mergulhar no autoconhecimento como também seguir os caminhos mais viáveis a serem desbravados com amorosidade, paciência e sem constrangimentos.

Caso sinta um desconforto dilacerante e se encontre sem perspectiva parece um cliché, mas: você não precisa passar por isto sozinho. Sua vida importa!

Procure ajuda.

Afetuosamente

Márcia Filha 

terça-feira, 8 de julho de 2025

Sem polêmicas, ok?

Conheci a psicologia – enquanto paciente – por me sentir deslocada na escola, sofri muito bullyng. Então, desde sempre me conectei bem com meus psicoterapeutas, a maioria fenomenólogos.


Compreendo a psicologia como uma ciência cheia de camadas. Nunca exaltei ou diminui – mesmo antes de ser psicóloga – as abordagens em geral, e circulei por algumas boas inclusive as cognitivas.

Passei por estas linhas e ficou evidente no meu caso que não queria apenas me aliviar e adequar por meio de um manejo condutivista e adaptativo. Sempre desejei – e colho isto há algum tempo no meu processo psicoterápico – ser aceita.

Talvez você defenda que não tive sorte com outros psicólogos além dos fenomenólogos, todavia não queria arriscar e fazer vários "test drives". O bullyng era pela voz; não ia me calar, queria escuta.

Há algum tempo me escutam, porque em cenários "adaptativos" – no meu caso – de correção só foi multiplicado a raíz das minhas demandas. Lembrando que cada caso é um caso...

Já em espaços de inclusão e confirmação pude elaborá-las e deixá-las ir ou ressignificá-las. A idéia é fazer uma provocação, cônscia que sozinha sou uma minúscula amostra, um pequeno exemplo.

Psicologia baseada em evidências?  Não há sustentação empírica que comprove a eficácia em um tratamento feito com psicoterapias existencias ou com a psicanálise?

Um adendo: no meu ver (e fui publicitária) – em saúde mental – o melhor Marketing nem de longe é o agressivo e sim o assertivo. Dito isto, tem quem opte por um marketing mais popular (massivo).

Trabalhar por um paciente estável e funcional é uma prática importante em todas as abordagens e áreas, contudo isto nem sempre acessa a inadequação dele consigo próprio.

E se uma linha não dá certo a determinados pacientes não quer dizer, necessariamente, que eles são retroativos ou descompromissados. Há sintomas comuns e há os próprios do sujeito.

Interessante, nos múltiplos contextos, pensar a realidade social. Tem pessoas em sofrimento psíquico pelo excesso de trabalho e outras pelo desalento dada a ausência de oportunidades.

Uma professora certa feita disse "Nem tanto ao mar, nem tanto a terra" – caso encontrou-se numa abordagem não precisa depreciar a outra.

A psicologia pede paciência para sanar os conflitos dos seus usuários com ciência. Quem a procura quer se sentir seguro quanto a isto, para encontrar um espaço de segurança psicológica em um ambiente cujo vínculo seja cada vez mais saudável, menos mecânico e ainda mais potente – genuíno.























quinta-feira, 3 de julho de 2025

O que tenho feito pelo meu bem? – um breve compartilhar

Já se perguntou o que carece ter ou fazer para se sentir bem? Esta pergunta de vez em quando surge em meu dia a dia. Hoje, pondero o que devo manter, remover e/ou alcançar, pois meu engajamento atual (falo da vida real e não da virtual) é diferente dos vinte e poucos anos. Perceba: diferente e não pior.

O intuito de organizar minha rotina (com escapadelas) reflete a iniciativa de autoregular-me em campos distintos explorando novas agendas. Aqui transito sobre alternativas saudáveis que vão além da resolução de conflitos, considerando lições de autocuidado onde performo o que sinto por meio do meu comportamento mais autoconsciente. Isto pede por alinhamento de recursos com propósitos.

Talvez este encontro consigo revele espaços vazios conformados com a escassez de contatos que estimulam os meus e os seus projetos, até o  desenvolvimento de ambos. Compreendo igual que  com quem quer o nosso bem e tem a mesma visão de mundo que a gente, fica mais fácil a realização dos planos que bem guardamos e aguardamos.

Descobri desta forma que evoluo ao aceitar minha impermanência. Mas isto não significa perder o rumo e aderir ao caos. Pelo contrário, me deixa atenta aos eventos desconhecidos ou repetidos e as consequências das escolhas feitas para me sentir bem – o que requer preparo. Dica: a psicoterapia contribui bastante com este processo. Agora é fato: o bem estar (mental, social...) é um estimulante diferenciado. Aos poucos chego onde o abrigo da alma é leve: no cerne da minha feliz cidade... Lá sobrepuja cuidado, entrega e ternura.

🌻

Neste relato compartilho minha reflexão sobre o autoconhecimento e como ao fazer esta trilha em busca do autocuidado injetou em mim uma dose expressiva de consciência e esperança.

E se o compartilho é para falar que está tudo bem desbravar-se por camadas ou por inteiro e compreender quais são seus limites, suas pontes, seus caminhos... Por razões outras preciso me organizar melhor, e você do que precisa?

Com carinho

Márcia




























quinta-feira, 6 de junho de 2024

Falar

Um dia aprendi que o ato de escutar se aperfeiçoa com o exercício da empatia. Pois encontro no desabafo os resíduos das marcas de uma vida e junto deles os recursos para retribuir a confiança depositada.


Dialogar, já diria o clichê, é "uma ponte nunca um muro". O bom diálogo me constitui e não me isola. Talvez seja aí que começa a escuta: no volume que dou a voz cuja fala permito falar onde – naquela hora – ouço e escuto.

O que sei é que falar atavia a alma com as palavras arranjadas nas conexões que faço comigo, contigo, com a natureza sua flora e sua fauna; no encontro com quem saúdo e oro – quem sagrado me consagra e devolve minha humanidade.
 
É como se ao falar eu andasse até as vírgulas que encantoam uma sentença antes da outra, espalhando os termos a priori nelas e agora fora. Então, me mostro atenta quando acolho sua fala, alheia quando a descontextualizo e integrada quando a assimilo.

Eu falo com as palavras que ponho no silêncio para te ouvir e falo outras palavras quando seu silêncio surge para também me ouvir. Falar é saber que as palavras chovem e as frases escorregam para gente se esvaziar e se encher de versos até contraditórios, mas emancipatórios.







sábado, 9 de dezembro de 2023

Por você

Há alguns anos conheci uma mulher que falava sobre o efeito de um cochilo quando se está em crise. Ela se colocou como modelo ao relatar sua decisão de dormir um pouco quando em situações estressoras. E encontrei um cara que me ensinou a desanuviar quando sobre pressão. Para ele ao se encontrar procrastinando por um desejo fixo como a vontade de assistir um filme, por exemplo, é melhor assistir o filme e depois focar.


Pode ser muito difícil escolher como aliviar a tensão quando se está ansioso. Principalmente pela ansiedade puxar a culpa, a vergonha e o medo para o cerne de uma escolha que visa, a priori, aliviar os fardos mais custosos. Decidir não é fácil. Somos "ser de escolha, de liberdade e responsabilidade" – disse o filósofo. Eu, confesso, só lembro de Goethe quando ele fala "aquilo que se ignora é o que mais nos agita, aquilo que se sabe nunca se há de usar" e no impacto dessa frase em uma tomada de decisão onde, querendo ou não, haverá uma renúncia e assim ignorar-se-a algo que a gente sabe que é possível.

Estaríamos preparados para elaborar o luto dessa renúncia quando extremamente divididos? Como ser funcionais frente uma situação desta? Para alguns, você pode construir um hábito pela repetição e rotina ou listar compromissos numa agenda cujo alarme te lembre deles; para outros, você pode trabalhar com a atenção plena e o manejo da respiração com o intuito de aprimorar a concentração dentre tantos outros benefícios. Uma outra alternativa além de analisar o contexto vivido e fazer uma das escolhas acima é poder se escutar e observar na sua relação com o mundo – e consigo – como esse mergulho em si e nas suas questões pode ser usado a seu favor. Sim: a seu favor!

Já há algum tempo pensando no impacto do termo "doença mental" faz-se o uso da expressão saúde mental. Saúde que hoje não é mais tratada como a ausência de doença e sim como um bem-estar biopsicosocioespiritual, leva em conta – de forma sistêmica a vida como um todo.

E a minha pergunta para você é: como você tem se priorizado? Falei noutras oportunidades e repito, certa feita – na adolescência – muda em uma sessão de terapia a psicóloga me disse: "se você falar eu não só te escuto como você também tem a chance de se escutar".

Perceber-se é vital, não só para ponderar o efeito de uma escolha, mas para se enxergar, aqui e agora, dentro da realidade que te afeta e constitue. O que diz: vamos respeitar, acolher e compartilhar nossas emoções cuidando para não julgá-las e eliminá-las sem observar o que elas dizem? A vista da janela que a escuta (de si e do outro) abre dá para a sabedoria e outros espaços como a coragem e o amor.

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Aceite-se

Fui ajudar minha pequena sobrinha na tarefa de casa de inglês e a pergunta era 'qual seu lugar favorito na cidade?' as memórias afetivas dela a levou para uma sala de cinema, as minhas, bem questionadoras, me mostrou o empate entre os parques e o meu quarto... até eu perceber meu corpo como a morada de minha essência, tão espaçosa e nítida, o lugar em que habito nesse condomínio de almas vivendo em sociedade no cerrado que resido e nasci.


Convoquei nessa atividade escolar de uma turma chamada "infantil" as lições conduzidas pelas experiências de vida, gratuitas, provocadas pelo envelhecer. Ao mesmo tempo devolvi um pouco da perspectiva perdida nas falsas expectativas da minha criança interior e me redimi por ter me embaralhado tanto na infância ao tentar me encaixar em espaços que não me cabiam lá.

Então, agora, quando circulo por aí e me agrupo sempre olho a faísca que revelo da labareda que sou até perceber se ali cabe a minha entrega e me oferece o mínimo do retorno necessário para uma troca gentil, recíproca (por que não?) e até mesmo justa. A isto chamam de maturidade, o processo gradativo e lento de construção desta segurança emocional que ressoa com serenidade e sabedoria. Ainda não cheguei no apogeu dela (às vezes, sou meio imatura, permito-me) sigo como aprendiz da incessante matéria da vida – repetida até o cume da minha formação.

Talvez, hoje, a desesperança entoe o silvo dela sobre você e se sinta inconsolável, sofrendo a procura de espaços para alojar suas alegrias/tristezas, calmaria/raiva, coragem/medo e tantas outras ambiguidades. E quem sabe este texto sobre aceitação te faça peregrino de si, ao estimulá-lo a observar e acolher cada pedaço da sua presença legitimada pelas suas experiências e lições, coerentes e ajustadas a quem é?!

Sigamos...

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Meu parecer sobre o filme Barbie

Cheguei no cinema sozinha para assistir Barbie, escolhi assim. Entrei numa sala com muitos lugares vagos e mesmo com uma gama de assentos vazios optei pela mesma fileira de sempre bem de frente a tela. Meu desejo – nesse momento de lazer, prazer e atenção comigo– era poder esticar as pernas sem esbarrar na poltrona da frente e colar a nuca com cabelos soltos no encosto despreocupada se iria incomodar alguém atrás. E assim o fiz. Assisti o filme com meu jeito habitual de encontrar conforto na diversão.

Porém, se me perguntarem o que achei do mesmo, proponho um café ou uma vídeo chamada – opinar sobre ele, atualmente o mais badalado, requer uma boa dose de ousadia e lucidez, risos. O que posso dizer, então, além daquilo que foi dito? Bom, é emocionante! Tive a incrível sensação que o roteiro foi desenhado para cativar a "gregos e troianos".

Lembrei-me do nome de um livro esgotado há anos que eu tinha que estudar em comunicação chamado "Público alvo mulher" nunca consegui comprar este título, mas ele sempre me chamou a atenção. Talvez Barbie renderia uma boa pesquisa sobre o tema. Vou aproveitar este gancho do público alvo feminino para falar algo que aprendi e acredito: no cinema enquanto uma propaganda institucional – que frisa a marca e vende seu conceito.

Dito isto, uma das ideias legais para se comprar do filme da Barbie são as conquistas e o resgate das mulheres ao longo da estória, aqui devo dizer que Glória me chamou muito a atenção, bem como Sasha – uma adolescente extremamente politizada. Uma salva de palmas também para a Barbie Estranha, ela é icônica. Outra peculiaridade do filme são as cenas de acolhimento, não vou detalhar uma, todavia é curioso assistir a "estereotipada" (padrão) lidando com sua vulnerabilidade no encontro com o outro e especialmente consigo. Esta é uma das boas ideias que comprei e me emocionou.

Em linhas gerais, pensando que tudo ali foi roteirizado com o aval da Mattel, é inevitável pensar que todo este sucesso há de ser convertido em vendas massivas da boneca. Então, por que se mobilizar e permitir ser tocada pela narrativa da indústria cinematográfica consciente das intenções dessa? Por conta da nossa humanidade – outro detalhe valioso embutido no âmago do filme que vale a reflexão. Ademais, de fato, há muita cor rosa envolvida e que bom, porque até a cor é ressignificada em um contexto repleto de mulheres simbólicas, potentes e mais...

Eu vejo vocês

Di a das (os) professoras (es) é uma data para honrar a memória de quem nos ensinou e ensina, mas também para pensar modos de coconstruir um...