Cheguei no cinema sozinha para assistir Barbie, escolhi assim. Entrei numa sala com muitos lugares vagos e mesmo com uma gama de assentos vazios optei pela mesma fileira de sempre bem de frente a tela. Meu desejo – nesse momento de lazer, prazer e atenção comigo– era poder esticar as pernas sem esbarrar na poltrona da frente e colar a nuca com cabelos soltos no encosto despreocupada se iria incomodar alguém atrás. E assim o fiz. Assisti o filme com meu jeito habitual de encontrar conforto na diversão.
Porém, se me perguntarem o que achei do mesmo, proponho um café ou uma vídeo chamada – opinar sobre ele, atualmente o mais badalado, requer uma boa dose de ousadia e lucidez, risos. O que posso dizer, então, além daquilo que foi dito? Bom, é emocionante! Tive a incrível sensação que o roteiro foi desenhado para cativar a "gregos e troianos".
Lembrei-me do nome de um livro esgotado há anos que eu tinha que estudar em comunicação chamado "Público alvo mulher" nunca consegui comprar este título, mas ele sempre me chamou a atenção. Talvez Barbie renderia uma boa pesquisa sobre o tema. Vou aproveitar este gancho do público alvo feminino para falar algo que aprendi e acredito: no cinema enquanto uma propaganda institucional – que frisa a marca e vende seu conceito.
Dito isto, uma das ideias legais para se comprar do filme da Barbie são as conquistas e o resgate das mulheres ao longo da estória, aqui devo dizer que Glória me chamou muito a atenção, bem como Sasha – uma adolescente extremamente politizada. Uma salva de palmas também para a Barbie Estranha, ela é icônica. Outra peculiaridade do filme são as cenas de acolhimento, não vou detalhar uma, todavia é curioso assistir a "estereotipada" (padrão) lidando com sua vulnerabilidade no encontro com o outro e especialmente consigo. Esta é uma das boas ideias que comprei e me emocionou.
Em linhas gerais, pensando que tudo ali foi roteirizado com o aval da Mattel, é inevitável pensar que todo este sucesso há de ser convertido em vendas massivas da boneca. Então, por que se mobilizar e permitir ser tocada pela narrativa da indústria cinematográfica consciente das intenções dessa? Por conta da nossa humanidade – outro detalhe valioso embutido no âmago do filme que vale a reflexão. Ademais, de fato, há muita cor rosa envolvida e que bom, porque até a cor é ressignificada em um contexto repleto de mulheres simbólicas, potentes e mais...