Um dia aprendi que o ato de escutar se aperfeiçoa com o exercício da empatia. Pois encontro no desabafo os resíduos das marcas de uma vida e junto deles os recursos para retribuir a confiança depositada.
Dialogar, já diria o clichê, é "uma ponte nunca um muro". O bom diálogo me constitui e não me isola. Talvez seja aí que começa a escuta: no volume que dou a voz cuja fala permito falar onde – naquela hora – ouço e escuto.
O que sei é que falar atavia a alma com as palavras arranjadas nas conexões que faço comigo, contigo, com a natureza sua flora e sua fauna; no encontro com quem saúdo e oro – quem sagrado me consagra e devolve minha humanidade.
É como se ao falar eu andasse até as vírgulas que encantoam uma sentença antes da outra, espalhando os termos a priori nelas e agora fora. Então, me mostro atenta quando acolho sua fala, alheia quando a descontextualizo e integrada quando a assimilo.
Eu falo com as palavras que ponho no silêncio para te ouvir e falo outras palavras quando seu silêncio surge para também me ouvir. Falar é saber que as palavras chovem e as frases escorregam para gente se esvaziar e se encher de versos até contraditórios, mas emancipatórios.